Experiência Missionária em Angola


Busca de água

Queridas Irmãs, dentro de pouco tempo completarei 1 mês de chegada em Angola, aqui cheguei no dia 01 de fevereiro. Pouco tempo de estadia, mas as aprendizagens já são numerosas. Ao entrar no meu quarto encontrei entre os cartões de acolhida, um que assim dizia: “Para bem viver em Angola é preciso ter três qualidades: paciência, paciência e paciência!” Isso é realmente uma grande verdade e, no dia-a-dia, a realidade nos desafia a sermos aprendizes dessa grande virtude.

 

Se a paciência é uma virtude a exercer, a competência é uma habilidade a adquirir. Com a falta de água, que é uma constante em nosso cotidiano, tornamo-nos competentes em saber economizar e a reduzir o seu consumo. Para acompanhar a carência da água temos também a falta de luz. Jamais sabemos ao certo quando teremos energia elétrica, logo, quando a temos, apressamo-nos a reservar a quantidade de água necessária ao nosso consumo. Digo reservar pois devemos ferver a água antes de filtrá-la e isto exige que estejamos atentas aos momentos em que temos a luz. Na verdade, em Angola tem uma grande hidrelétrica que poderia abastecer todo o continente e que fornece energia para a Namíbia, entretanto aqui no país a luz é uma raridade. Aplica-se bem as palavras do salmista: “O pobre sofre e cai no laço do malvado.”

 

Na verdade, nós irmãs, não podemos queixar-nos porque temos uma caixa de água que nos permite ter o suficiente para a semana, mas para tal, usamos o mínimo possível e aproveitamos o máximo a água utilizada. Então, água pura somente para o banho, para beber, para a cozinha e para lavar roupa. Somos felizes por não termos que procurar em outros lugares conforme o faz a maior parte da população. É por isso que para nós, a água e a luz são os dois bens mais preciosos.

 

O clima está super seco e muito quente, a chuva parece ter fugido daqui, por isso as crianças sofrem com problemas respiratórios e de pele, sem falar da malária, da cólera e febre tifóide.

Apesar de todas as dificuldades, o povo sorri e dança. As crianças brincam muito e são alegres. As mulheres são verdadeiras heroínas! Elas trabalham além da conta, são elas que vendem as mercadorias para garantir o sustento da família; elas que carregam a água; cuidam da casa; das crianças e das capelas.

Neste primeiro mês, como atividade, estou fazendo um pequeno estágio no Centro de Saúde onde a enfermeira chefe é uma religiosa brasileira, Ir. Jocely, muito competente, ela está em Angola há mais de 20 anos e conhece bem o povo angolano. Além disso, acompanharei os meninos e jovens da Casa Família, um internato dos Salesianos onde estão 40 crianças que viviam em situação de risco. Minha outra tarefa será acompanhar a Comunidade Nossa Senhora do Rosário e os Vicentinos. Aos sábados participo da Pastoral da Criança.

 

Aqui é a área de missão dos Salesianos de Dom Bosco, nós trabalhamos nas obras que lhes pertencem. Sem eles não sei o que seria do povo angolano. Eles fazem tudo o que podem para minorizar o sofrimento do povo, mas é uma situação muito difícil e uma realidade política bastante caótica.

 Atualmente, os dois centros de saúde dos Salesianos ameaçam fechar as portas, porque o Governo Federal não cumpre sua parte e é impossível para os padres tudo custearem. Isso será uma calamidade, e dentro de um mês, a vida do povo estará ainda pior. Rezemos por esse povo! Além do mais, o custo de vida é absurdamente inflacionado e os preços são por demais elevados. Pensar que o país tem reserva natural de diamantes e petróleo! São coisas que nos fazem pensar.  Bem, por enquanto, fico por aqui e, à medida que for conhecendo melhor, escreverei um pouco mais.

Estejamos unidas em oração.

Ir. Mellina Clemente Botelho.



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